Escrevo como se fosse dona da verdade,
ajo como se fosse dona do mundo, na realidade, mal sou dona de mim. Você sabia.
Ouvi teu sobrenome nada comum, dia desses. Passou um filme da gente, das tantas
vezes que tentamos combinar teu sobrenome no meio dos meus, de todas as formas
possíveis. O sobrenome até que combinou, a gente não. Engraçado, né? Você
sempre soube que a minha mania de saber de tudo, era só pra disfarçar o quanto
eu não sei de nada. Você sempre sabia quando eu percebia que tava errada e a
gente ria, porque eu nunca dava o braço a torcer. E sabia, talvez, porque você
também era assim. Aprendi contigo muitas coisas, uma delas foi a pedir
desculpas. Mesmo sem jeito, mesmo entre os dentes, mesmo aquele "Eu tô
certa, que fique claro, mas desculpa aí, fui grossa." E você sempre
desculpava, sempre, ainda que entre os dentes também. Ninguém sabia contar
piadas sem graça tão bem quanto você. Sua mania, além de me irritar e me fazer
bem, era ficar me descrevendo como se conhecesse mais que eu. E, ás vezes, eu
acho que conhecia mesmo. Por vezes eu tive que arrumar um motivo, um passado,
só pra gente se desentender um pouco, só pra tudo não ficar tão bem sempre e eu
não conseguir, depois, ficar confortável fora de nós. E, por mais louco que
pareça, a gente sempre foi do tipo que se parecia e se conhecia tanto a ponto
de nunca dar certo. Duas peças iguais num quebra-cabeça, que nunca poderiam se
encaixar. Foi assim que a gente se perdeu, tão naturalmente quanto se
encontrou. Oi, como foi seu dia?, te amo, um adeus subentendido. Tudo tão
rápido quanto sincero. Uma história dessas que independem de tempo pra ser
linda ou pra sempre. Aquele fim que não leva pedaço de ninguém, porque os dois
já sabiam desde sempre que se tratava de uma amostra grátis do amor. Amor, que
tanta gente nunca nem sentiu o cheiro, amostra já é grande demais, privilégio
demais. Um fim com carinho e frio na barriga sempre que se esbarram por aí. Sem
dor, arrependimentos, pesos ou culpas. Foi,de longe, a melhor amostra grátis
que os dois já receberam na vida. Qualidade indiscutível. Só acabou.
segunda-feira, agosto 26, 2013
terça-feira, julho 30, 2013
A melhor pessoa que eu já conheci
Você acreditava em coisas bonitas,
pessoas bonitas, amor vencendo tudo. Era quase um personagem caído de um conto
de fadas e isso sempre me assustou. Tão puro, tão exposto. Mas como poderia dar certo, eu tão
tempestade, você tão brisa? Com que eu iria me irritar, se não com tuas coisas
boas em excesso? Como eu ia brigar e ter crise? Ia ser injusto todos os dias.
Você se doando e eu só recebendo. Eu tinha a sensação de que fui verificar
minha conta corrente e tinha milhões depositados. Não me pertencia, depósito
errado. Não que eu mereça menos que isso, me entenda, o dinheiro só não era
meu, não fiz nada em troca disso e nem podia fazer. Não tinha amor, pele, tinha
eu ali só porque qualquer garota teria sorte em estar ali, então eu ia ficando.
Não aguentei o peso de segurar sua felicidade, tão idealizada e merecida. Não
suportei ser a princesa paparicada, teu amor inteiro e sem cobranças. Não
aguentei ser teu sonho realizado, porque sempre me achei confusa demais pra ser
sonho de alguém. Pesadelo, talvez. Sonho é muita paz, muito você e eu não cabia
nisso tudo. Foi assim que eu fui embora da melhor pessoa que eu já conheci. E,
por mais egoísta que pareça, pensei mais nele do que em mim. Conto de fadas é
tudo que eu não acredito. Ninguém precisou se corromper, rompemos. Se tem algum
cara, que tenha passado pela minha vida, e eu desejo sinceramente tudo de
melhor nessa vida, é ele. Já o disse, acho que ele não acreditou muito e eu
entendo. Quem vê de fora ou até ele, me aponta o dedo e diz com todas as letras
que eu não dei valor e ele nunca mereceu isso. Minhas amigas apelam pro
"Eu te avisei que isso não ia dar certo", mas não abrem mão do
"ele nunca mereceu". Dei valor sim, que fique claro. O suficiente pra
deixar ele encontrar alguém melhor que eu. Percebe o tamanho disso? Eu tentei,
juro mas, na verdade, eu que nunca mereci.
domingo, junho 30, 2013
A cura não é um novo amor
Aceitar um fim é aceitar um novo
começo. Continuar numa relação onde as pessoas não mais se relacionam faz tanto
sentido quanto ir patinar porque está com fome. Você perde tempo, pessoas,
vida. Você ganha arranhões que poderiam ter sido evitados, ganha mágoas de
alguém que poderia ter sido sempre especial e só. Ninguém disse que iria ser
fácil, ninguém disse que não iria doer. O costume grita e você pensa que é o
amor ainda vivo em algum canto. Grande engano, grande perigo. Até que o costume
mude de figura, tudo é vazio, lembrança, saudade, tudo é ele. Mesmo depois do
fim, mesmo sem amor. É o velho vício de mexer na ferida, sentir fisgada só pra
não ficar sem sentir nada. E você ouve muitas fórmulas pra fazer tudo isso
passar mais rápido, muito atalho tentando driblar o tempo. Não vou dizer que
nenhum funciona, assim como não digo que algum funcione a longo prazo ou
definitivamente. Não importa quantos corpos você tenha no verão, no inverno
você sente falta da história, da alma, das manias. Vai ser ele por um bom tempo
o dono das saudades bobas, das carências mais fortes, do carinho. E não tem
fórmula mágica pra isso. Agora, se acabou, com certeza teve um bom motivo, já
deixou de ser bonito como nas lembranças preferidas, por mais difícil que seja
lembrar dos fatos por esse ângulo. E pro costume tomar uma nova forma, você tem
que usar novos moldes, sem recaídas, sem se fechar pro mundo. Você vai tentar
substituir ele por outro, assim, como quem muda de manteiga no café da manhã. E
pode dar muito certo por uns meses, depois o novo cara é só mais um anexo no
arquivo de decepções e a saudade, de algum modo estranho, nem é do cara novo.
Tantas promessas de tudo ser diferente e no fim tudo sempre tão igual. E o
vazio só aumenta, uma bola de neve. Até o dia que você acordar de manhã, se
olhar no espelho e entender que ali tem alguém inteiro e com tudo que você
precisa pra ser feliz. E esse dia, anota aí, vale mais que anos. Não se cura um
amor com um novo amor. Se cura com amor-próprio.
sexta-feira, junho 07, 2013
Escrava dos meus impulsos
Queria assumir que, no meio dessa moda de liberdade, sou escrava dos meus impulsos. Queria deixar claro que minha dificuldade em tomar decisões definitivas é culpa dessa minha escravidão. Se eu decido que é melhor o fim, só porque já deu, vamos tentar uma amizade bonita, eu decido até bater a saudade. Se eu tô com saudade de você, eu acho importante você saber disso e todo mundo sabe onde isso acaba. Tá percebendo o perigo? Eu acho mesmo que tudo que eu pense em relação a você ou um possível nós, seja dito e jogado na mesa, ainda que meio bagunçado. E lá vou eu, de volta pra lugares onde nunca cheguei a sair. Tô sempre brincando de dizer verdades por aí, sem pensar duas vezes ou pesar consequências. Sou uma tímida sem vergonha. Por que eu esconderia minhas vontades de quem faz parte do pacote? Sempre fui impulsiva além da conta e os arrependimentos pelo caminho quase sempre compensam. Aprendi, aos trancos, a não me render ao orgulho, só e sempre ao amor-próprio, que é uma derivação mais sutil e completamente justa. Quando eu resolvo, então, passar por cima dos meus impulsos quase que automáticos e, enfim, tomo uma decisão permanente, você pode ter certeza que é por amor. Amor a mim. Se eu tô contigo, de qualquer modo imaginável, você vai saber e vai saber exatamente como. Se eu for embora, não preciso tocar alarme, dar mil avisos prévios ou fazer cena de novela mexicana, batendo a porta. Você vai me ver saindo aos poucos, cruzando a porta em silêncio e vai ser a última vez que vai me ver tão de perto.
domingo, junho 02, 2013
Que percam-se
Eu penso que ser sincera é uma coisa
tão natural, tão mais fácil, que acho que todo mundo sempre fala a verdade pra
mim também. E esqueço o quanto as pessoas sentem prazer em complicar tudo. É a
minha mania mais perigosa de todas, confiar. Confio mesmo, até você me provar
que não vale a pena, não vale o risco. Aí eu nunca mais vou ser a mesma. Viro,
na melhor das hipóteses, sua colega bem distante e não é por mal, é meu
reflexo. Pra completar, minha outra mania chata é perdoar. Não guardo mágoa de
ninguém, não porque não quero, só não consigo. Juro que não quero ver a pessoa
nem pintada de ouro, até ela vir com o rabo entre as pernas e pedir desculpas,
simples assim. E mesmo que muitas pessoas que passaram pela minha vida tenham
traído a minha confiança, não acho justo punir quem tá chegando, pelo crime de
quem já foi. Nessa, quase sempre quem paga a pena sou eu, mas eu durmo bem de
noite e é isso que importa. Ás vezes eu fico aqui querendo perguntar pras
pessoas "E aí, de tudo que você já me disse, o que era verdade? Só pra
saber...". Mas não ia fazer diferença, então deixo as verdades e mentiras
assim mesmo, misturadas, eles com suas coleções de máscaras e eu sempre tão
exposta. Mas quer saber minha recompensa? Quem gosta de mim, quem tá do meu
lado, tá por mim do jeito que eu sou, sem enganação. Amam a mim e não uma
personagem. E, no fim das contas, ser enganada fica muito pequeno, porque os maiores
enganados são eles mesmos e é uma pena. No meio de tantas máscaras, uma hora o
rosto real se perde e tanta coisa se perde junto. Não sei se pode-se atribuir a
mim a faixa de ingênua nessa história toda, como sempre é atribuído. Mas eu
aceito e lamento. Que percam-se.
quarta-feira, maio 08, 2013
Acabou, mas deu certo demais
Eu discordo dessa história de que só é
amor se for pra sempre. Digo, o sentimento pode até viver pra sempre, ali
quietinho em algum canto do peito. Mas histórias começam e terminam e não é
justo dizer que não houve amor. Não é justo achar que elas não deram certo ou
que era a pessoa errada. O amor da sua vida, nem sempre é o cara que você casa
e forma uma família. Pessoas se perdem, pessoas se encontram, é natural. Eu
acredito em amor com alguns poucos meses de relacionamento. Amores mais bonitos
do que alguns de anos, amores de outras vidas, escorrendo pelos poros. Sem esse
papo de que tudo recente é paixão e amor é rotina. Paixão é carne, amor é alma,
independente do tempo. Odeio quem teima em rotular o que o outro tá sentindo,
mal sabe o que é quem tem no peito. Tudo que nos faz feliz, dá certo, mesmo que
por uma semana, um mês. Tudo faz crescer, deixa o jardim mais bonito no fim das
contas. E quem é essa tal de pessoa certa, afinal? Ninguém é errado, somos
todos vítimas de desencontros. Seu certo não me agrada e vice-versa. Mania feia
de jogar tantos dias incríveis no lixo, depois que a mágoa chega. Te fez
chorar, mas te fez sorrir tanto, foi bom enquanto durou, foi certo e só, foi.
Só passou e isso não quer dizer nada. Mania chata de relacionar amor com contos
de fadas e o maldito feliz pra sempre. Amor se relaciona com feliz, sem
complemento, sem prazo. Nem sempre, sem fim.
quarta-feira, maio 01, 2013
Sou dos meus sonhos
Desde pequeno a gente é acostumado a
ouvir por aí, desde os pais até a mulher na fila do mercado, que a vida é uma
merda. Que homem não presta, que a gente tem que estudar muito, arrumar um
emprego que dê dinheiro e ficar bem de vida. Quando se é criança, você diz amém
e vai brincar na pracinha. Daí alguém fala "Aproveita enquanto você
pode!" e você nunca entende os adultos. Eu cresci e, vou confessar, ainda
não entendo. A vida só é uma merda, quando você acolhe esse tipo de pensamento
que é apresentado tão cedo pra todos nós e passa a viver só pra isso, ter um
emprego que dê muito dinheiro e que te deixe "bem de vida". Mas isso
nunca vai ser estar bem de vida, então a fórmula nunca funciona e é mais uma
pessoa a todo minuto pra reclamar na fila de algum lugar. Viver de peito
aberto, apesar dos pesares, dói, mas nunca vai ser só sobreviver. Eu optei por
trabalhar com o que eu amo, porque sou dos meus sonhos, não escrava de um
contra-cheque. Minha opção é o amor, acho que é bem por aí. Meu objetivo de
vida é uma família feliz, quase um comercial de margarina. Eu faço dinheiro,
dinheiro não me faz. Pra ser adulto, não é preciso abrir mão da pracinha, nem de
nada que nos faça bem. É só reorganizar o tempo e as prioridades. Enquanto o
objetivo de vida das pessoas for dinheiro, a vida vai continuar sendo uma
merda.
domingo, abril 28, 2013
Revoei
E, de repente, eu senti a leveza de me
interessar por outro alguém. Sem passado pesando, sem presente passando
despercebido. Fiquei feliz, não em começar uma possível nova história, nem em,
quem sabe dessa vez, acertar. Não tava surtando e planejando um futuro lindo,
com filhos correndo pela casa e cachorro no quintal, com o cara que eu mal
conheço. Nada de planos bonitos, que sempre acabam rasgados pelo chão. Era um
interesse simples, era pele, olhos nos olhos, arrepio, nada demais. O que me
fazia sorrir de canto a canto era eu estar andando na direção de um outro
alguém, sem me sentir acorrentada a nada e a mais ninguém. Sem nenhuma
expectativa e nenhuma obrigação. Não tava ali pra adormecer minha dor por umas
horas, não tava distraindo minha saudade. Tava ali e só, ficando bem, sem
forçar. O ponto não era o novo cara, entende? Era meu reabrir de asas. Revoei.
segunda-feira, abril 22, 2013
Sai desse bolso, princesa
Não tem conselho de amiga que dê
jeito. O cara pode chegar e dizer com todas as letras que não quer mais nada e
nunca quis, pode fazer e falar o que for, ficar com a sua amiga, sua vizinha,
sua prima. Você tem mil argumentos na manga, pra ver todo e qualquer vacilo com
babados cor-de-rosa. Coleciona desculpas, pra que toda a culpa do cara mais
idiota do mundo, pareça acidente ou fique minúscula e desculpável. O mundo pode
gritar a verdade no seu ouvido, o cara esfrega ela na sua cara, mas você prefere
permanecer de olhos fechados e ouvidos tampados, brincando de se enganar.
Esqueceu como se brinca de ser feliz. Você e sua dor, presas numa bola de ar.
Sua opção, triste e solitária. A menina de antes não precisava suplicar amor,
ter alguém do lado dela por pena. Agora vamos fazer as contas: Você era linda
em todos os sentidos possíveis, agora é o que? Perdeu o sorriso incrível, a
paz, o encanto, a leveza, o amor-próprio. Perdeu o valor, se guardou no bolso
de um imbecil, pequena e compacta. Quem ia querer alguém assim? E a menina que
sonhava grande? Seus sonhos não cabem no bolso dele, abriu mão também? Eu posso
entender seu sacrifício sem recompensa, mas agora me responde só uma coisa: O
que você ganhou, além de dor? Sua felicidade não cabe na bolha de ar. Se nem
você se ama, como pode pedir isso pra alguém? Sai desse bolso, princesa. Você é
mulher, dele ou não. Não é moeda. Azar de quem te perdeu! Deixa ter sorte, quem
te encontrar.
segunda-feira, abril 15, 2013
Deixo por conta destino, espero e confio
Poderia ter sido diferente. Mas se
fosse, será que teria sido pra melhor? Quem vai saber? Melhor ter ficado assim,
tudo mais ou menos, tudo sem mais nem menos, tudo reduzido a nada, numa fração
de segundos. Confio muito em destino, num plano maior, forças do universo em
conspiração. Me acha doida? Talvez, mas é que acreditar que tudo depende só das
pessoas, essas que vivem fazendo pouco do amor e substituindo seus valores por
etiquetas, me parece tão pequeno, nunca me bastou. Não vou te dizer que aceito
bem tudo que me é arrancado ou vai embora por vontade própria, sem dizer adeus.
Não vou fingir que não dói e que eu não preferia ter optado, não vou esconder a
saudade. No começo é uma tortura, não é nada fácil, não nego. Mas, mesmo com
tudo à flor da pele, eu não me esqueço dessa coisa de karma, de tudo acontecer
por um motivo e na hora certa. Não demora muito e eu até acho melhor, solto o
mundo e deixo que voe o que quiser voar. Que fique o que quiser e tiver que
ficar. É muito mais triste e solitário me apegar ao que não me pertence, me
fechar pra coisas maravilhosas, por estar presa numa história breve e condenada
ao fim. Só respiro fundo e espero, com fé e um certo alívio, que o que for
realmente meu, volte muito mais bonito, forte e mais meu do que nunca. Ou,
minha opção preferida, que nunca vá. Amém.
domingo, março 24, 2013
Não estou à venda
Naquela noite eu devia estar sendo leiloada e esqueceram de me avisar. Já me explico. Trajeto casa de uma amiga-boate, paramos num barzinho, tava cedo. Sem perder tempo, o primeiro carinha da noite já veio me entediar. O nome dele eu nem lembro, mas posso te falar horas sobre o carro do sujeito. Não entendo nada de carro, mas decorei até a placa, de tanto que o mala repetia, enquanto eu tentava sair estrategicamente. O motor era o melhor, a roda era a melhor, carro caríssimo, pintura personalizada, se eu ganhasse dez centavos toda vez que ele falasse "O meu carro", eu poderia ter comprado aquele bar. E eu desejando, do fundo do meu coração, que as quatro rodas estourassem naquele momento. Que preguiça. Saímos com pressa, chegamos na boate e encaramos a fila. Mas eu ter paz naquele dia era pedir demais, então claro, não podia ficar tranquila enquanto esperava. O segundo carinha tinha casa até no inferno. O pai era empresário, a mãe socialite, tinha mil cachorros de raça pura, alguns carros, casa de três andares, piscina, trezentas suítes e banheiros... juro que ele descreveu. Pegou alguma coisa sem importância da carteira, só pra eu ver o dinheiro. Ele falando sem parar sobre todos os milhares de bens materiais que ele tem espalhados pelo mundo e eu só conseguia ver uma placa escrita "Babaca" em vermelho, piscando em neon em cima dele. Hoje estavam todos decididos a monologar comigo, não foi difícil notar. Enfim, entramos. Não demorou muito até chegar o terceiro. "Quer quantos baldes? O que você quer beber? É só falar! Quer camarote?" Não consegui mais esconder minha abominação. Tava extremamente incomodada e já tinha gastado toda a minha paciência. "Meu filho, olha bem pra mim e me responde: Tô na esquina?" Ele riu, achou que fosse alguma piada "Não, por que gata?" Aquele ‘Gata’ me deu nos nervos. "Ótimo! Porque eu não sou puta, achei que isso tava um pouco confuso pra você!" Fui grossa, foi merecido. Ele saiu, sem graça, fiquei leve. Naquela noite foi excessivo, mas isso é mais normal do que "Bom dia" nos dias de hoje. Aliás, rola mais do que "Bom dia", diga-se de passagem. Sempre me sinto mal, dessa vez, queria registrar meu nojo. Não pelos imbecis que já se apresentam mostrando o nome no cheque. Mas pelas "mulheres", que se achando muito espertas, aceitam, gostam e estimulam esse tipo de comportamento lamentável e triste. Uma pena seu valor ser uma etiqueta nas costas, sujeita a negociação. Uma pena eu ter que ser negociada, porque vocês tão na vitrine.
domingo, março 17, 2013
Eu não jogo, me jogo
Eu não jogo! Queria andar com um
crachá escrito isso, todos os dias. Um dia eu tava no banheiro da faculdade e
ouvi uma menina dizendo pra amiga "É minha filha, tem que saber
jogar!" e elas riram. Essa menina tava começando a ficar com um menino
lindíssimo, que tinha mil outras garotas atrás, na frente, dos lados. Eles tão
namorando há anos, felizes, acho que vão noivar. Tá errada ela? Tô errada eu?
Não sei, mas posso garantir que a vida pra ela é muito mais simples. Se eu
quero ficar com alguém e houver uma oportunidade, eu não vou enrolar mais uma
semana, um mês. Fazendo ele esperar, eu espero também e não nasci pra isso. Eu
sei bem que quando você é indiferente, eles te dão muito mais atenção e toda
essa coisa. Tenho preguiça de quase todos os caras que eu já fiquei e minha
preguiça desperta paixão, "amor", flores e declarações. Minha atenção
é sempre sincera e bem menos valorizada, já notei também. Se eu gosto, não
consigo fingir indiferença, não curto máscaras nem quando são
"saudáveis" ou “necessárias”. Se eu digo não, eu quero dizer não, sem
"mas" ou entrelinhas! Não me faço de difícil, não minto, não tenho
medo de ser julgada fácil, não me faço e ponto, acho que é bem por aí. Gosto de
você? Te digo. Não gosto? Deixo claro. O que você quiser saber, te conto,
verdades em pratos limpos, nosso almoço e nosso jantar. É um jeito bem mais
complicado de se levar a vida, mas eu nunca fui fã de facilidades, confesso. E
se o preço a se pagar por isso é gente indo embora, adeus, deixo a porta
aberta. Nunca me ausentei de mim pra prender um cara ou uma amiga. Sempre fui
completamente eu, sem me transformar em pecinha de jogo por uns dias, ser
fantoche das próprias regras friamente elaboradas. Admiro a praticidade da
menina do banheiro. Mas acho que tem que ser sincera, minha filha.
domingo, março 03, 2013
É só por isso que eu fico
Ele vacila, mas nunca vai embora. Eu
surto, fico monotemática, tenho paranoias a todo minuto, me canso, saio, volto,
descanso, a gente briga, mas ele não vai embora. Tenho crise de TPM, crise de
ciúme, crise de neurose, crise de carência e ele ali. Eu mudo o cabelo, a
roupa, a maquiagem, o esmalte, os piercings, os sapatos, os sonhos, a vida,
engordo, emagreço, a gente briga outra vez, ele continua. Entra e sai gente da
minha vida a todo instante, gente que eu nem esperava, menos ele. Outros caras
são mais gentis, carinhosos, me mandam flores e me enchem de atenção e elogios.
Me deixam maravilhosamente bem por alguns dias contados, não mais que isso. Mas
ele, do jeito completamente torto dele, sempre fica. Do jeito lindo dele, sempre.
Ninguém nunca tinha ficado antes. É por isso que eu fico também.
sábado, fevereiro 23, 2013
Um texto clichê anti-clichê
Eu acho que um fim é sempre muito chato, muito difícil, mas se for pra acontecer, que seja com dignidade. Nada mais triste e irritante do que, não bastasse estar sendo largada, ter que engolir um clichê. Eu, particularmente, penso em diversas formas de tortura e assassinatos que pareçam acidentais, mas tem quem fique mais deprimida ainda, complicado. Vamos explorar o top 10: 1- Em primeiríssimo lugar, o clássico "O problema não é contigo, é comigo!" CLARO, ÓBVIO. Mas me diz aí, a que problema você está se referindo? Conte mais sobre esse seu problema gigante que te fez terminar a relação! Oi? Não sabe? Ah é, esqueci que você só tá falando isso porque "é assim que se termina". 2- Temos o "Não quero te fazer sofrer", que não fica pra trás do primeiro colocado. Vamos pensar juntos! Você acha que terminando tá fazendo alguém feliz? É tipo arrancar a perna, pra não levar chute na canela? Fico confusa, mas enfim. 3- "Não estou pronto pra um relacionamento." E quem tá, meu bem? Se relacionar é isso mesmo, errar e aprender juntos, reaprender, melhorar, fazer o que for preciso só porque estar com o outro vale a pena, vale tudo. Ninguém acorda e pensa "Nossa, hoje eu tô pronto pra um namoro, hein!". 4- "Tenho traumas em namoros." Se todo mundo fosse se fechar depois de uma decepção, ninguém mais ia namorar no mundo. Quem ama, paga pra ver outra vez, se entrega, se joga mesmo. Quem não, dá desculpinha. 5- "Quero um tempo." Essa me estressa absurdamente. Chega e diz que quer pegação, putaria, quando se cansar volta, vamos trabalhar com a sinceridade e aceita quem quiser. Mulher que dá tempo não tem meu respeito, pra mim é relógio. 6- "Não estou certo do que estou sentindo." Vou explicar, então! Se você não tá certo, tá sentindo tudo, menos amor. E você sabe disso, então vamos ser homem, pra variar? 7- "Você é a pessoa certa, na hora errada" Onde vende essa agenda com hora marcada pra namorar, que eu ainda não achei, gente? Se fosse a pessoa certa, não existiria hora errada. Essa é bem covarde, porque conheço meninas que esperam a hora certa até hoje. 8- "Temos ideais diferentes" Cê jura? Então você fica sozinho, se amando, porque só você pensa exatamente igual a você. Que preguiça. 9- "Eu não te mereço" Olha, essa é uma grande verdade, mas o dia que isso for de fato um motivo pra um fim, não devia nem ter havido um começo. Em que mundo um cara acha que não merece algo ou alguém? Desconheço esse ser. 10- Por fim, um bem feijão com arroz: "Não somos mais os mesmos". Que bom né, já imaginou viver sem evoluir? Quem gosta, se esforça pra melhorar a relação e superar os dias difíceis, porque nada é só alegria. Eu fico aqui pensando, o que custa ser sincero? "Olha, não dá mais, porque eu não vejo mais graça em você" ou "Quero pegar qualquer garota que aparecer na minha frente, desculpa". Sei lá, jogar limpo, sabe? Acabou porque não existia mais ou nunca existiu amor, sem deixar falsas esperanças ou falar alguma coisa ensaiada, isso dói. Quem decide ir embora nunca vai sentir metade da dor de quem não teve opção, então colabora. Ninguém é obrigado a ficar com ninguém, mas o mínimo de consideração ás vezes é bom.
quarta-feira, fevereiro 20, 2013
Tema: Primeira vez
Oi, meu amores! Eu andei recebendo muitas perguntas no ask, muitas dúvidas sobre quando, como, com quem perder a virgindade, então resolvi fazer um cantinho pra vocês aqui!
Como funciona: Mais ou menos de 10 ou 15 em 15 dias, eu vou fazer um post temático pra vocês, sobre um assunto que vocês mesmo vão escolher! (O de hoje, obviamente, é "Primeira vez")
Onde vocês pedem: Pelos comentários do último post, no caso, nos comentários desse aqui vocês vão sugerir o próximo tema! O mais pedido, ganha.
Enfim, é isso. Espero que vocês gostem, acho um jeito legal de interagir mais com vocês. Beijinhos
Como funciona: Mais ou menos de 10 ou 15 em 15 dias, eu vou fazer um post temático pra vocês, sobre um assunto que vocês mesmo vão escolher! (O de hoje, obviamente, é "Primeira vez")
Onde vocês pedem: Pelos comentários do último post, no caso, nos comentários desse aqui vocês vão sugerir o próximo tema! O mais pedido, ganha.
Enfim, é isso. Espero que vocês gostem, acho um jeito legal de interagir mais com vocês. Beijinhos
Vamos falar sobre primeira vez! E,
quando se trata desse assunto, as dúvidas, clichês e tabus são quase infinitos.
E como eu tenho recebido muitas perguntas à respeito, aqui estou, esclarecendo
tudo num texto. Não são verdades absolutas, regras, o certo, são as minhas
opiniões, deixo claro. A pergunta mãe de todas: Tem idade? Não, não tem. Tem
você preparada ou não! Eu acho que nada muito precoce é legal, exatamente por
isso, porque você pula as etapas e conclui um ciclo sem estar preparada pra
isso, o que não é bacana, além de ser desnecessário. "Ah, mas meu boy tá
me pressionando, ele tem as necessidades dele, tenho medo dele me largar por
isso...", vou contar uma coisa pra vocês então: TODOS vão pedir, POUCOS
vão merecer. Isso sempre, até depois da primeira vez! Se o cara não respeita
seus limites, sua hora, ele não gosta de você, porque o mundo sabe o quanto
esse momento é delicado na vida de uma mulher. Então já vai tarde e eu prometo
que você sobrevive e acha outro melhor! Você não tem que apressar ou atrasar o
seu tempo por causa do tempo de uma cultura, sociedade, sua mãe ou seu boy.
Quem sabe o tempo é você, sempre! A escolha é sua, o tempo é seu. A sociedade
espera que você case virgem, recatada, pra ser uma excelente esposa, mãe, dona
de casa. Sua mãe espera que você perca sua virgindade com o amor da sua vida,
depois de 87 anos de namoro ou case virgem, depende da mãe. Seu boy espera te
conhecer hoje, fazer sexo amanhã! Espera também que ele seja seu primeiro, no
máximo seu segundo homem na cama, mas que, de alguma forma, talvez por mágica,
você domine todas as técnicas de uma atriz pornô. Então ou você faz quanto
sentir que ok, tá na hora, ou você enlouquece. “Mas tem que ser com namorado? E
se eu me arrepender?” Não, namoro é rótulo. Tanto namoro dura um mês, 30 dias
sem amor, sem respeito. Tanta história linda, intensa, fica eterna na gente,
mesmo sem nunca ter sido um compromisso oficial. Isso não quer dizer nada, de
verdade. Século XXI! Se você gosta de verdade do cara, admira, te faz bem, te
desperta a vontade e, principalmente, se ele não for um moleque imbecil que só
tá esperando isso pra te largar após a "batalha vencida" ou que no
dia seguinte vai publicar no jornal o ocorrido, parabéns, esse cara é ele! Sim,
a primeira vez a gente nunca esquece, então, apesar do sexo não ser esse tabu
todo -só permitido com o marido e amores da vida- eu acho que o primeiro deve
ser especial, pra virar uma lembrança boa, sempre. Sendo assim, arrependimento
não rola! “E tem que ser numa cama coberta de rosas, com velas espalhadas e
banheira espuma?” Recomendo uma pausa nas comédias românticas na vida de vocês,
de verdade! rs Não, pode ser até na escada, contanto que você esteja
confortável e segura do que quer. É importante avisar pro cara que é a sua
primeira vez, isso não é vergonha, muito pelo contrário. Porque é função dele
te deixar à vontade e ir com calma e isso é muito importante, porque sim, dói.
É estranho e você vai precisar de outras vezes pra se acostumar. Pode sangrar, pode
não sangrar. Camisinha sempre! É bom procurar um ginecologista que receite um
anticoncepcional adequado pra você, mas você não morre se não fizer isso. Em
caso de maiores problemas quanto à dor: Lubrificante, recomendo o KY.
"Devo contar pra minha mãe?" Isso é muito relativo e pessoal, depende
da sua relação com a sua mãe, você que sabe. Não, o corpo não muda depois do
sexo. Sim, é normal se sentir insegura, sem saber muito o que fazer, mas tudo
flui, com uma forcinha e compreensão do parceiro. Se for partir pro sexo oral,
nunca, em hipótese alguma use os dentes. Com o tempo você descobre o que gosta
e o que ele gosta. Acho que esse é o básico! Sexo não é uma coisa suja, um
pecado mortal, um direito só dos homens ou algo que você deva se envergonhar. Mas
também não precisa distribuir, só tem valor quem se dá valor! Beijo também é
uma coisa normal e nem por isso devemos beijar Deus e o mundo. Então é isso!
Boa sorte e juízo.
Mas a fraca nunca foi eu
Eu sempre fui metódica e
inconsequente, por mais contraditório que isso pareça. Sempre soube o que devia
ser feito de trás pra frente, mas sempre ignorei o mundo e todos os conselhos,
porque eu queria fazer e ponto, isso me bastava. Amanhã é outro dia, não é? E
ficava entregue aos meus impulsos até quando a pergunta "Tá valendo a
pena?" fosse respondida por um "Não!" imediato. Muitos planos na
gaveta, mas sempre procurei não jogar em ninguém o peso deles, até porque
ninguém nunca mereceu ser o cara dos meus planos, vale a pena frisar. Ou, pra
não ser injusta, nunca tive sintonia com os bons candidatos, tenho essa
pré-disposição a quem vá me enlouquecer em pouco tempo. Minha amiga me disse
que o meu tipo é gente problemática e eu não pude negar, ela tava certa. Por
algum motivo que eu desconheço, trago escrito na testa essa minha preferência
por relacionamentos, programas a dois e todo esse mimimi. Prefiro mesmo e isso
assusta, eu sei. Mas se eu não soubesse segurar o tranco de ser só, estaria
namorando por conveniência ou carência há muitos anos, mas isso ninguém vê.
Ouvi muitas vezes a mesma coisa, mesmo argumento, uma fala oficial que me dá
sono. Mas queria dizer dessa vez que se eu fosse mesmo pequena, indefesa e
assustada, eu quem iria fugir. Nunca o fiz.
quinta-feira, fevereiro 14, 2013
Mais que bonita
A menina era bonita, viu? Fiquei
encantado, me lembro bem. Divertida, mas não sei, era auto-crítica demais.
Andava firme, mas era insegura. Cheia de vícios e manias, eu achava engraçado.
Não um engraçado de rir, um engraçado charmoso. Não parava de mexer no cabelo,
ajeitar a roupa, falava baixo, ria alto. De longe dava pra entender o que ela
tava falando, cheia de gestos e caras. Tinha muitos amigos, mas era carente.
Aquela menina era a contradição em pessoa, nunca me esqueço. Um dia paramos pra
conversar e trocamos desabafos. Queria fazer um questionário infinito, mas fiz
algumas perguntas-chaves: Por que você anda reta, mas olhando pra baixo? Quem é
o motivo desses sorrisos de canto a canto? Por que tanta mania e timidez? Fui
interrompido e atropelado por respostas, que pouco esclareciam seu mistério
escancarado. "Olho pro chão porque tem coisas que eu prefiro não ver. E
são muitas coisas, todos os dias, de todos os lados. Sorrisos falsos, pessoas
pequenas, gente que eu perdi se encontrando fora de mim. E me dói, então o que
os olhos não veem, você sabe... Sorrio nem sei porque, muito menos por quem.
Por mim, por toda essa gente que quer meu bem. Ninguém em especial, ninguém
especial. Queria conseguir ficar uma semana triste, de cara fechada e seca com
o mundo. Mas eu choro rindo, morro sorrindo e ninguém desconfia, talvez seja
melhor. Tenho a impressão contínua de que nunca tá bom o suficiente. Meu
cabelo, minha maquiagem, minhas roupas, meu jeito. Eu. Muita gente chega e
quase todas vão embora. Antes da hora, na hora, depois. Ás vezes me arrasa, mas
não lamento, fica quem tem que ficar, não é? Eu sei isso de cor também. Mas não
dá pra evitar a sensação de, sei lá, pensar que o problema não é de quem parte.
Talvez eu seja sem medidas demais e canse. Louca demais e enlouqueça. E nessa,
quem não consegue descansar sou eu." A menina era mais que bonita, viu?
Muito mais. Uma pena ninguém acolher e deixar que ela, enfim, descanse. Em paz.
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