quarta-feira, novembro 28, 2012

Meio cheia, meio vazia

Ando cheia de vazios ultimamente. Tentei comer alguma coisa, mas não era fome. Aí comecei a ler um livro, mas não era tédio. Tava precisando de alguém, só podia ser isso. Então fiquei com um cara, mas não era carência. Ou era tudo junto, não sei. Só sei que as coisas me enchem ou me faltam demais e eu não consigo achar um equilíbrio. Não tô dando conta de mim e ninguém mais dá também. Ás vezes tenho um corpo, ás vezes uma alma, mas nunca os dois. E pela metade assim não me basta, pouco nunca me roubou a solidão. Na cabeça passam mil filmes, tenho milhares de conversas comigo mesma todos os dias, ensaio falas que nunca são ditas, quase enlouqueço. Ou já enlouqueci. O coração vai batendo cansado, sem motivo pra acelerar. Talvez eu precise de alguém pra ocupar os pensamentos e todo o resto. Talvez eu só esteja em crise e precise melhorar minha relação comigo mesma, me conhecer mais a fundo. Ou conhecer novas pessoas, sair da rotina. Só sei que eu preciso de alguma coisa e preciso pra ontem. Me tira dos dias iguais, da medida de sempre, caminho de sempre, do nada. Me tira da linha, que eu sei o caminho de volta. Quem sabe eu volte em breve ou não volte mais.

domingo, novembro 18, 2012

Antes eu fosse a menina do bar



Por um tempo eu tentei convencer o mundo e a mim mesma, que eu era a menina de decote, maquiagem carregada e risada alta na fila do bar. Mas a verdade é que eu nunca fui. Acho incrível essa forma desapegada de dar sequência na vida, as piadas e histórias loucas e vazias. Mas nunca fui a menina do bar, uma pena. Pra ser sincera, eu tenho preguiça das outras pessoas da fila, dos meninos na porta do banheiro, das músicas sem letra, das cantadas baratas. Não conseguiria ser essa menina, embora ache um jeito bem mais simples de encarar o mundo, porque isso tudo me dá sono, mesmo entupida de energético. Porque antes do fim da noite eu já tô sentada, brincando com o canudo do drink, esperando a hora de ir embora. A impressão que eu tenho é que eu tô sempre esperando a hora de ir embora, de qualquer lugar e qualquer pessoa. A menina da fila tá dançando com o terceiro ou quarto cara da noite. Ela é divertida e linda. E eu queria ser assim, só que as pessoas são tão desinteressantes e previsíveis, que eu prefiro o canudo. Levantei e fui ao banheiro, ela tava lá, retocando a maquiagem. Enquanto eu lavava as mãos, ela arrumava o salto e reclamou “Nossa, dói demais, né? Mulher sofre!”. Eu sorri e concordei. Doía mesmo, quem dera fosse só o salto. Olhando nós duas pelo espelho, uma do lado da outra, a diferença era só o modelo do vestido. Mas éramos muito mais diferentes que isso. Ela tinha paciência com os babacas, o barman lerdo, os amigos bêbados, as meninas de nariz em pé. Ela só queria dançar, beber e curtir, porque a vida é complicada. Eu já entrei cansada e preferia o sofá, o copo, o canudo e todas as coisas sem vida daquele lugar, porque as pessoas são complicadas. Antes eu fosse a menina do bar.

quinta-feira, novembro 08, 2012

A gente podia, sei lá, dividir o céu


A gente podia ter acontecido antes. Antes de qualquer começo virar fim antes de começar, antes desse medo todo, do coração preferir gelar do que bater mais forte. Antes das esperanças terem perdido a cor e a gente desacreditasse de tudo e todos. Mas antes, talvez eu não estivesse pronta pra cuidar de você como deve ser. Não sabia as medidas, não me conhecia o suficiente pra ser o meu melhor. Então, mesmo com meu corpo gritando pra eu recuar, minha cabeça me lembrando do fim das minhas outras tentativas e o meu peito batendo travado, mesmo com todo o medo do mundo, eu escolho você. Escolho tentar outra vez, aprender, ensinar, te fazer feliz. É só você deixar seu medo na gaveta também, junto com o meu. Fecho os olhos, me jogo e confio que você vai segurar. Confia em mim também. Toma um café e entende que ser dono dos meus melhores sorrisos já é bonito demais, certo demais. Vem ser dono de todo o resto. Não tô dizendo que vai ser fácil, mas eu tô disposta a remar até o fim se você me der a mão, remar comigo. Só acho que tá na hora da gente reaprender a voar. E eu ia amar dividir o céu contigo.
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