Por um tempo eu tentei convencer o
mundo e a mim mesma, que eu era a menina de decote, maquiagem carregada e
risada alta na fila do bar. Mas a verdade é que eu nunca fui. Acho incrível
essa forma desapegada de dar sequência na vida, as piadas e histórias loucas e
vazias. Mas nunca fui a menina do bar, uma pena. Pra ser sincera, eu tenho
preguiça das outras pessoas da fila, dos meninos na porta do banheiro, das
músicas sem letra, das cantadas baratas. Não conseguiria ser essa menina,
embora ache um jeito bem mais simples de encarar o mundo, porque isso tudo me
dá sono, mesmo entupida de energético. Porque antes do fim da noite eu já tô
sentada, brincando com o canudo do drink, esperando a hora de ir embora. A
impressão que eu tenho é que eu tô sempre esperando a hora de ir embora, de
qualquer lugar e qualquer pessoa. A menina da fila tá dançando com o terceiro
ou quarto cara da noite. Ela é divertida e linda. E eu queria ser assim, só que
as pessoas são tão desinteressantes e previsíveis, que eu prefiro o canudo.
Levantei e fui ao banheiro, ela tava lá, retocando a maquiagem. Enquanto eu
lavava as mãos, ela arrumava o salto e reclamou “Nossa, dói demais, né? Mulher
sofre!”. Eu sorri e concordei. Doía mesmo, quem dera fosse só o salto. Olhando
nós duas pelo espelho, uma do lado da outra, a diferença era só o modelo do
vestido. Mas éramos muito mais diferentes que isso. Ela tinha paciência com os
babacas, o barman lerdo, os amigos bêbados, as meninas de nariz em pé. Ela só
queria dançar, beber e curtir, porque a vida é complicada. Eu já entrei cansada
e preferia o sofá, o copo, o canudo e todas as coisas sem vida daquele lugar,
porque as pessoas são complicadas. Antes eu fosse a menina do bar.
Amei e me identifiquei completamente! Parabéns pelos textos, são geniais!
ResponderExcluirBeijos.
http://acesseprontoescrevi.blogspot.com.br/
Gostei muito do seu blog, virei leitora sempre daqui.http://semsentidoereal.blogspot.com.br
ResponderExcluirO dom com as palavras é algo que deve ser aplaudido. Parabéns por este e pelos outros textos!
ResponderExcluir"Doía mesmo, quem dera fosse só o salto." Amei essa parte!
Sortudo canudo e, apesar dos pesares, sortudo bar por ter abrigado uma personagem tão cheia de conteúdo. Me identifiquei! :)
, Ameiii.
ResponderExcluirFica aqui meu comentário em forma singela com uma das minhas poesias para as mulheres a quem todo meu amor é devido...
ResponderExcluirExistimos sim!
Estamos em sua rua, no seu trabalho.
Vemos vocês com toda admiração;
Em nosso pensamento fantasiamos
aqueles dias da sua abertura
para o verdadeiro amor que oferecemos.
Existimos sim!
Arquitetamos a noite olhando as estrelas
os dias da sua chegada.
Quando você tomará seu primeiro bom vinho,
e quando você dançará a primeira romântica de verdade
coladinha com meu corpo, sentir-se-á mulher.
No dia em que ler esta humilde carta,
que escrevo para alertar nossa existência;
As esperanças se renovarão
e o valor dos grandes amores
renascerão.
O prazer do contato
entre duas pessoas será tão universal
que os poetas voltarão a escrever
as velhas canções oitentistas
as quais se misturava amor, poesia e melodias.
Criadoras das mais insaciáveis sensações,
que hoje não passam de estimulos para nostalgias
de um passado onde o amor recebia seu devido lugar.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/pequenino
Abraços menina meiga...
Nunca achei algo que me identificasse tanto, quanto suas palavras nesse texo. É de fato, impressionante.
ResponderExcluirParabéns pelo seu talento e muito obrigada por me proporcionar isso.
ResponderExcluirOlá Marcella, muito bom seus textos.. gostaria de fazer contato com vocÊ. Seria possível?
por favor, me encaminhe um email, meu endereço é:
hyankap@hotmail.com
obrigada!