Aceitar um fim é aceitar um novo
começo. Continuar numa relação onde as pessoas não mais se relacionam faz tanto
sentido quanto ir patinar porque está com fome. Você perde tempo, pessoas,
vida. Você ganha arranhões que poderiam ter sido evitados, ganha mágoas de
alguém que poderia ter sido sempre especial e só. Ninguém disse que iria ser
fácil, ninguém disse que não iria doer. O costume grita e você pensa que é o
amor ainda vivo em algum canto. Grande engano, grande perigo. Até que o costume
mude de figura, tudo é vazio, lembrança, saudade, tudo é ele. Mesmo depois do
fim, mesmo sem amor. É o velho vício de mexer na ferida, sentir fisgada só pra
não ficar sem sentir nada. E você ouve muitas fórmulas pra fazer tudo isso
passar mais rápido, muito atalho tentando driblar o tempo. Não vou dizer que
nenhum funciona, assim como não digo que algum funcione a longo prazo ou
definitivamente. Não importa quantos corpos você tenha no verão, no inverno
você sente falta da história, da alma, das manias. Vai ser ele por um bom tempo
o dono das saudades bobas, das carências mais fortes, do carinho. E não tem
fórmula mágica pra isso. Agora, se acabou, com certeza teve um bom motivo, já
deixou de ser bonito como nas lembranças preferidas, por mais difícil que seja
lembrar dos fatos por esse ângulo. E pro costume tomar uma nova forma, você tem
que usar novos moldes, sem recaídas, sem se fechar pro mundo. Você vai tentar
substituir ele por outro, assim, como quem muda de manteiga no café da manhã. E
pode dar muito certo por uns meses, depois o novo cara é só mais um anexo no
arquivo de decepções e a saudade, de algum modo estranho, nem é do cara novo.
Tantas promessas de tudo ser diferente e no fim tudo sempre tão igual. E o
vazio só aumenta, uma bola de neve. Até o dia que você acordar de manhã, se
olhar no espelho e entender que ali tem alguém inteiro e com tudo que você
precisa pra ser feliz. E esse dia, anota aí, vale mais que anos. Não se cura um
amor com um novo amor. Se cura com amor-próprio.
domingo, junho 30, 2013
sexta-feira, junho 07, 2013
Escrava dos meus impulsos
Queria assumir que, no meio dessa moda de liberdade, sou escrava dos meus impulsos. Queria deixar claro que minha dificuldade em tomar decisões definitivas é culpa dessa minha escravidão. Se eu decido que é melhor o fim, só porque já deu, vamos tentar uma amizade bonita, eu decido até bater a saudade. Se eu tô com saudade de você, eu acho importante você saber disso e todo mundo sabe onde isso acaba. Tá percebendo o perigo? Eu acho mesmo que tudo que eu pense em relação a você ou um possível nós, seja dito e jogado na mesa, ainda que meio bagunçado. E lá vou eu, de volta pra lugares onde nunca cheguei a sair. Tô sempre brincando de dizer verdades por aí, sem pensar duas vezes ou pesar consequências. Sou uma tímida sem vergonha. Por que eu esconderia minhas vontades de quem faz parte do pacote? Sempre fui impulsiva além da conta e os arrependimentos pelo caminho quase sempre compensam. Aprendi, aos trancos, a não me render ao orgulho, só e sempre ao amor-próprio, que é uma derivação mais sutil e completamente justa. Quando eu resolvo, então, passar por cima dos meus impulsos quase que automáticos e, enfim, tomo uma decisão permanente, você pode ter certeza que é por amor. Amor a mim. Se eu tô contigo, de qualquer modo imaginável, você vai saber e vai saber exatamente como. Se eu for embora, não preciso tocar alarme, dar mil avisos prévios ou fazer cena de novela mexicana, batendo a porta. Você vai me ver saindo aos poucos, cruzando a porta em silêncio e vai ser a última vez que vai me ver tão de perto.
domingo, junho 02, 2013
Que percam-se
Eu penso que ser sincera é uma coisa
tão natural, tão mais fácil, que acho que todo mundo sempre fala a verdade pra
mim também. E esqueço o quanto as pessoas sentem prazer em complicar tudo. É a
minha mania mais perigosa de todas, confiar. Confio mesmo, até você me provar
que não vale a pena, não vale o risco. Aí eu nunca mais vou ser a mesma. Viro,
na melhor das hipóteses, sua colega bem distante e não é por mal, é meu
reflexo. Pra completar, minha outra mania chata é perdoar. Não guardo mágoa de
ninguém, não porque não quero, só não consigo. Juro que não quero ver a pessoa
nem pintada de ouro, até ela vir com o rabo entre as pernas e pedir desculpas,
simples assim. E mesmo que muitas pessoas que passaram pela minha vida tenham
traído a minha confiança, não acho justo punir quem tá chegando, pelo crime de
quem já foi. Nessa, quase sempre quem paga a pena sou eu, mas eu durmo bem de
noite e é isso que importa. Ás vezes eu fico aqui querendo perguntar pras
pessoas "E aí, de tudo que você já me disse, o que era verdade? Só pra
saber...". Mas não ia fazer diferença, então deixo as verdades e mentiras
assim mesmo, misturadas, eles com suas coleções de máscaras e eu sempre tão
exposta. Mas quer saber minha recompensa? Quem gosta de mim, quem tá do meu
lado, tá por mim do jeito que eu sou, sem enganação. Amam a mim e não uma
personagem. E, no fim das contas, ser enganada fica muito pequeno, porque os maiores
enganados são eles mesmos e é uma pena. No meio de tantas máscaras, uma hora o
rosto real se perde e tanta coisa se perde junto. Não sei se pode-se atribuir a
mim a faixa de ingênua nessa história toda, como sempre é atribuído. Mas eu
aceito e lamento. Que percam-se.
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